Colmeia Ativa: Construindo Um Mundo de Diversidade e Sustentabilidade.
- Iraímas
- 16 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2024
Hoje realizamos uma roda de conversa com o tema "Ciranda de Partilha: um Mergulho Intercultural", no primeiro Seminário Estudantil da Escola do Campo Barros Cassal, localizada no Passo Novo - subdistrito de Alegrete.
A Escola Barros Cassal tem 85 anos e atualmente conta com 90 alunos, do primeiro ao nono ano. A comunidade escolar é composta por alunos de diferentes áreas rurais, entre elas: São João, Itapevi, Palma, Km 29 e os Assentamentos Unidos pela Terra e Novo Alegrete.
Alguns alunos acordam às 4h da manhã e fazem até 40 km de percurso até a escola. Considerando as temperaturas negativas do inverno, eles mantêm a assiduidade, pois a escola, além de ser um ambiente educativo, também é parte da socialização e lazer dos alunos.

O convite feito pela equipe pedagógica da escola para falar sobre Diversidade Cultural, trouxe consigo a inspiração de conectar a teoria da autopoiese com a mestria da autopoiese prática - a natureza, que é a nossa fonte inspiradora.
A natureza é um sistema autopoiético, ou seja, um sistema que se auto-organiza e se auto-produz continuamente. Essa capacidade de auto-organização permite que a natureza gere uma enorme diversidade de formas de vida e ecossistemas.
Da mesma forma, a diversidade cultural humana pode ser vista como um fenômeno autopoiético. As diferentes culturas humanas evoluem, transformam-se e reproduzem-se através de processos de transmissão cultural, inovação e interação. Assim como a natureza, a cultura humana cria uma rica tapeçaria de tradições, conhecimentos, artes e formas de vida.
Desenvolvida por Humberto Maturana, a Autopoiese é um conceito-chave em sua abordagem teórica e tem importantes implicações para a compreensão da diversidade cultural. Em linhas gerais, a autopoiese refere-se à capacidade dos sistemas vivos de se autoproduzirem continuamente, mantendo sua organização e identidade própria. Nas palavras de Maturana, a autopoiese é "a organização característica dos sistemas vivos, que se definem como unidades autônomas".
Aplicada aos sistemas culturais, a teoria da autopoiese ajuda-nos a entender que cada cultura é um sistema autopoiético, com a capacidade de se autoproduzir e regenerar constantemente. Cada cultura possui uma organização, uma rede de relações e processos internos que a mantêm como uma unidade autônoma e distinta.
A estrutura da teoria da autopoiese na cultura:
Autonomia: Cada cultura possui uma organização própria, que a torna independente e autossuficiente em relação a outras culturas.
Autorreferência: As culturas definem-se e reproduzem-se a partir de seus próprios elementos e processos internos, em um circuito fechado de autoprodução.
Acoplamento estrutural: As culturas interagem umas com as outras, estabelecendo relações de influência mútua, porém mantendo sua identidade única.
Transformação: As culturas possuem a capacidade de se adaptar e transformar ao longo do tempo, sem perder sua organização fundamental. Essa perspectiva da autopoiese cultural convida-nos a enxergar cada cultura como um sistema vivo, dinâmico e autônomo, que deve ser respeitado e valorizado em sua singularidade. Compreender essa dinâmica é essencial para promover diálogos interculturais construtivos e uma coexistência harmoniosa na diversidade. Nessa travessia, somos todos aprendizes, tecendo juntos uma tapeçaria multicultural que nos desafia e nos inspira. Pois é justamente na tensão criativa entre a singularidade de cada cultura e a malha de suas conexões que descobrimos a riqueza inesgotável da experiência humana. Que possamos, então, seguir adiante com a humildade de quem sabe que ainda há muito a aprender, com a alegria de quem se aventura em novos caminhos e com a determinação de quem busca construir um mundo mais justo, plural e harmonioso. Pois, afinal, essa jornada intercultural é a própria dança em sua infinita diversidade - a teia da vida.
Essa conexão bidirecional entre diversidade cultural e autopoiese natural mostra-nos que a preservação da biodiversidade e a sensibilidade da diversidade cultural são objetivos complementares e essenciais para a sustentabilidade do nosso mundo. Na Colmeia, nossa voz ecoa com o propósito de construir uma realidade harmonioza para todos os seres. Seguimos utilizando nossa potência com a firmeza de co-criar o mundo que queremos.
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